O Gartner reuniu as quatro principais tendências da tecnologia jurídica que os líderes de conformidade devem conhecer. Afinal, atualmente, os líderes jurídicos e de conformidade podem explorar inúmeras soluções de tecnologia para ajudá-los a gerenciar riscos e facilitar a transformação digital da empresa. Contudo, são poucos os que ainda o fazem. Ainda assim, o mercado de tecnologia jurídica está cheio de inovações a serem observadas. Isso inclui automação, análise, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.
“As empresas devem investir em tecnologia jurídica de forma mais agressiva. Entretanto, o mais importante, é que precisam investir de maneira mais eficaz.”
Essa é a conclusão de Zack Hutto, diretor de consultoria da Gartner. Ainda de acordo com ele:
“Caso contrário, as funções legais e de conformidade continuarão sendo um obstáculo à produtividade e capacidade de resposta.”
Tendência 1: O surgimento de assistentes jurídicos virtuais
O Gartner prevê que, até 2023, os assistentes jurídicos virtuais (VLAs) atenderão a 25% das solicitações internas aos departamentos jurídicos de grandes empresas. Isso, por sua vez, aumentará a capacidade operacional das equipes corporativas internas. Contudo, os departamentos jurídicos precisam automatizar, sempre que possível, para melhorar a eficiência e diminuir seu tempo de resposta.
“O mercado de tecnologia está cheio de soluções para substituir os recursos humanos. Porém, essas ferramentas não podem acomodar automaticamente os requisitos legais ou fluxos de trabalho exclusivos de uma determinada organização”, diz Hutto. “Portanto, os líderes jurídicos e de conformidade devem considerar os recursos operacionais específicos que desejam melhorar ao avaliar as oportunidades de tecnologia.”
Além disso, o uso efetivo de VLAs depende de líderes jurídicos e de conformidade corporativos desempenhando um papel ativo na configuração. Afinal, os VLAs, ou chatbots com inteligência artificial, estão posicionados para atender ao crescente volume de perguntas internas que os departamentos jurídicos esperam nos próximos anos.
Dessa forma, se torna possível reduzir o tempo de resposta e a necessidade de interação humana. Entretanto, quando os VLAs não conseguirem responder, eles poderão encaminhar perguntas para o recurso apropriado. Além disso, poderão fornecer informações preliminares que ajudarão um advogado a responder rápida e adequadamente a questão.
No entanto, o uso efetivo de VLAs depende de os líderes jurídicos e de conformidade corporativos desempenharem um papel ativo na configuração ou criação dessas ferramentas para atender às necessidades específicas de sua empresa.
Tendência 2: Preencher a lacuna de conhecimento jurídico em tecnologia
O Gartner prevê que, até 2023, 33% dos departamentos jurídicos corporativos terão um especialista em tecnologia jurídica dedicado. Este, terá como função apoiar a crescente automação dos principais fluxos de trabalho internos.
Contudo, hoje, existe um grande abismo nos departamentos jurídicos entre aqueles que têm conhecimento sobre assuntos legais e fluxos de trabalho e aqueles que entendem de tecnologia. Portanto, especialistas em tecnologia jurídica dedicados – ou aqueles que têm um bom entendimento do serviço jurídico e da tecnologia – serão um papel fundamental para os departamentos jurídicos melhorarem o desempenho. Os líderes precisarão, então, contratar e desenvolver essas funções para fechar a lacuna.
Tendência 3: Aumentar a coordenação para gerenciamento de riscos de terceiros
O Gartner prevê que, até 2023, os gastos organizacionais com tecnologias de gerenciamento de riscos de terceiros para apoiar a devida diligência e monitoramento aumentarão em 50%. Afinal, a transformação digital dos negócios amplia os riscos associados a terceiros.
Atualmente, o gerenciamento de riscos de terceiros (TPRM) está fragmentado em aspectos legais, de conformidade, privacidade, compras, cadeia de suprimentos, qualidade, finanças e TI. Contudo, no futuro, a organização deve reunir a estrutura de propriedade do TPRM e forçar a consolidação do mercado de provedores de serviços e tecnologia TPRM. Essa consolidação permitirá que as organizações tenham uma visão unificada dos riscos.
Tendência 4: Aumentar o investimento em tecnologia de privacidade
O Gartner prevê que, até 2023, haverá um aumento de 150% no investimento em consultoria jurídica interna em soluções dedicadas para lidar com solicitações de direitos autorais (SRRs) em nome dos clientes.
Os regulamentos de privacidade aprimorados, como o Regulamento Global de Proteção de Dados (GDPR) na Europa, a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, criaram um número esmagador de SRRs.
“As equipes devem não apenas agir dentro do prazo. Mas também devem considerar os recursos necessários para o que pode ser um processo manual demorado”, diz Hutto.
Espera-se, portanto, que o número de SRRs aumente e os processos atuais demorem muito, demandando muitos recursos. De acordo com a mais recente pesquisa de risco e segurança do Gartner, as organizações gastam, em média, US $ 1.406 por SRR. 83% dos entrevistados precisavam de pelo menos uma semana de trabalho completa para responder a cada solicitação. Portanto, a automação será necessária para suportar a escala departamental e atender aos regulamentos adequadamente.
Fonte:
Gartner