À medida que os CIOs adotam mais tecnologias digitais, é importante que determinem o status atual de seus sistemas legados. Portanto, cabe a eles decidir se o melhor é manter ou substituir um sistema legado importante.
A veterana líder de TI e CIO da Absolute Software, Dianne Lapierre, viu a tecnologia ir e vir. Em muitos casos, ela afirmou que estava claro quando a tecnologia precisava de uma atualização. Contudo, em outras situações, ela sabia que substituir um sistema legado não renderia ganhos valiosos. E ainda havia casos em que decidir se atualizaria ou manteria a tecnologia existente foi uma questão bem complicada.
“Foram discussões difíceis sobre por que desviar todo aquele dinheiro para substituir um sistema que não estava realmente quebrado”, disse ela.
Se identifica?
O 2021 “IT Trends Study”, da Society for Information Management (SIM), concluiu que a substituição de aplicativos legados foi um dos 10 maiores investimentos em TI para organizações em 2020. Contudo, isso tem acontecido há três anos consecutivos.
No entanto, da mesma forma, uma pesquisa encomendada pela Tata Consultancy Services e AWS descobriu que 70% dos executivos com experiência em empresas globais listam a modernização legada como uma das principais prioridades estratégicas de negócios.
Entretanto, embora os executivos listem a modernização como uma prioridade, quase todas as organizações lutam com alguma tecnologia legada. Ou seja, os CIOs e seus colegas de nível C devem decidir o que atualizar primeiro e o que pode esperar.
Os líderes de TI disseram que vários fatores influenciam essa decisão. Contudo, concordaram que as necessidades de negócios devem ditar quais esforços de modernização estão no topo da lista de prioridades.
“Você quer usar a tecnologia de uma forma que aumente os negócios, aumente a lucratividade, diminua as despesas ou crie valor. Então, se uma nova tecnologia pode fazer isso, você vai com ela. E você quer olhar para isso regularmente, então você está usando a tecnologia de forma eficaz para se diferenciar. Isso não significa que você compre algo assim que chegar ao mercado, mas pode significar olhar para ele para avaliar seu potencial” – Ken Presti, vice-presidente de pesquisa e análise da Avant Analytics.
Afinal, manter ou substituir um sistema legado?
Apesar da necessidade de modernização e transformação digital, as organizações podem optar por manter sistemas legados por diversos motivos, de acordo com especialistas.
Primeiro, existem as considerações de custo. Afinal, é verdade que a atualização para novas tecnologias geralmente agrega valor aos negócios. Ou seja, gera aumento da receita e / ou redução dos custos operacionais. No entanto, o custo de atualização às vezes pode exceder o valor do negócio, pelo menos no curto prazo. Isso, por sua vez, pode incentivar algumas empresas a manter o sistema legado que têm.
Lapierre disse que isso é especialmente verdadeiro se o sistema existente for particularmente econômico e ainda tiver um desempenho adequado.
“Os sistemas mais antigos podem ter uma boa relação custo-benefício no gerenciamento dos requisitos de negócios atuais; afinal, eles já foram pagos e não exigem despesas adicionais além dos custos de suporte atuais”, explicou ela.
Contudo, a confiabilidade também pode ser um fator determinante.
“A menos que o motivador da modernização seja devido a fatores de confiabilidade, ao invés de funcionalidade / fatores técnicos, as chances são de que o aplicativo legado seja confiável na forma como dá suporte às necessidades de negócios atualmente”, disse Lapierre.
O impacto da familiaridade
Além disso, a familiaridade também pode ser um fator na decisão de manter um sistema legado.
“Tecnicamente, o sistema legado provavelmente está totalmente integrado up e downstream com o resto da arquitetura de aplicativos e funções de negócios. Afinal, é o que a empresa usa hoje, está familiarizada e todos os processos de suporte já estão em vigor.”
Portanto, Simon Ratcliffe, principal consultor em assessoria da Ensono, acrescentou que as organizações não devem presumir automaticamente que todas as tecnologias mais antigas precisam ser substituídas.
“Se o processo de negócios [que ele suporta] ainda for válido, então não é um sistema legado”, disse Ratcliffe.
Ratcliffe citou ainda um de seus casos de uso. Uma rede de supermercados que continua a usar um mainframe para lidar com transações financeiras. A tecnologia tem décadas, mas ainda funciona com eficiência, rapidez e segurança. Ou seja, entrega a funcionalidade exata de que a empresa precisa para processar transações.
“É o mesmo tipo de processamento que eles usam há 30 anos. E isso não precisa mudar. Na verdade, o que precisava mudar era o acesso a ele”, disse Ratcliffe.
Então, ele explicou que a empresa decidiu manter seu mainframe ao invés de substituí-lo. No entanto, adicionou camadas de tecnologia ao redor dele para integrar as novas funcionalidades de que precisa para atender às demandas dos clientes modernos.
Vantagens de substituir um sistema legado
A decisão de substituir um sistema legado se resume aos requisitos de negócios. Pelo menos é o que afirmam os especialistas. “Consiste na necessidade de o negócio se comportar de uma maneira diferente”, disse Ratcliffe.
Portanto, a tecnologia que não atende mais às necessidades de negócios ou aos objetivos estratégicos precisa ser eliminada. Contudo, nesses casos, o valor comercial gerado por uma atualização supera rapidamente qualquer economia que venha com a manutenção da tecnologia mais antiga.
Os especialistas citaram ainda vários benefícios comerciais que normalmente vêm com a substituição de tecnologia legada, incluindo o seguinte:
- A introdução de mais recursos digitais que não estavam disponíveis devido aos sistemas legados;
- Confiabilidade e desempenho aprimorados;
- Mais agilidade e flexibilidade para atender aos requisitos de negócios em constante mudança e às solicitações dos usuários;
- Maior capacidade de atrair e reter talentos, especialmente trabalhadores de TI, que buscam oportunidades de trabalhar com tecnologias mais recentes e empresas com visão de futuro;
- Despesas de capital mais baixas que vêm com ofertas baseadas em nuvem com pagamento conforme o uso e opções de SaaS no lugar de tecnologia local.
Fatores a considerar
Embora as necessidades de negócios devam orientar a maioria das decisões de modernização e priorização de tais projetos, os especialistas afirmam que outros fatores também podem afetar as decisões de manter ou substituir um sistema legado.
Por exemplo, Ratcliffe disse que os CIOs devem substituir a tecnologia que não é mais suportável. Seja porque eles não podem obter ou pagar as habilidades para mantê-la, ou porque não podem obter as peças necessárias para consertá-la.
Enquanto isso, Lapierre disse que a tecnologia que é incompatível com qualquer produto implementado mais recentemente para apoiar o negócio deve ser substituída. E a tecnologia mais antiga, em que o custo de integrá-la a ofertas mais recentes ou onde soluções alternativas complexas são necessárias, deve estar no topo da lista de prioridades de modernização. Portanto, qualquer sistema que apresente níveis inaceitáveis de riscos, seja devido a problemas de segurança cibernética ou fatores de confiabilidade, também deve passar por uma atualização.
Desafios de substituir um sistema legado
Como CIOs experientes sabem, a substituição de um sistema legado geralmente traz desafios significativos.
Afinal, pode ser difícil obter a adoção total das mudanças nos processos de negócios que as acompanham, mesmo quando há uma necessidade comercial imperativa que estimula o esforço. Além disso, a interrupção resultante do trabalho diário pode também causar reclamações e perdas de produtividade de curto prazo à medida que todos se ajustam.
Não obstante, os CIOs muitas vezes lutam para encontrar novos talentos em tecnologia ou aprimorar as habilidades da equipe existente. Tudo a fim de gerenciar a nova tecnologia e maximizar seu valor. Contudo, esta é uma tarefa que pode adicionar custos inesperados, bem como atrasar o tempo que leva para obter o retorno total do investimento em modernização.
Os resultados do relatório “Barômetro de negócios de modernização global de aplicativos” de 2020 refletiram as dificuldades de substituir a tecnologia legada. Ela destacou o fato de que 74% das organizações que iniciaram um projeto de modernização de sistema legado não conseguiram concluí-lo.
Presti informou ainda que os CIOs trabalham com seus colegas executivos e consultores de confiança para criar um roteiro de modernização. Nele, as decisões sobre as prioridades de atualização são baseadas em avaliações contínuas para saber se a pilha de tecnologia atual da organização:
- Oferece suporte às necessidades de negócios;
- Quais tecnologias continuarão a fazê-lo com base em sua estratégia perspectiva;
- Quais elementos caminham contra isso.
Ele disse também que os usuários devem fazer parte das discussões sobre quais tecnologias legadas precisam ser substituídas.
“Afinal, as pessoas que irão usá-lo geralmente têm um feedback valioso sobre como sua tecnologia evolui e no que vale a pena investir”, disse Presti.
Alternativa
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