Desde 2011, o Brasil vem se destacando como o país que mais investe em cloud na América Latina. À época, um estudo realizado pela IDC apontou que 18% das grandes e médias empresas já usufruíam de algum modelo de cloud computing. Em paralelo, a média nos demais países da AL era de 14,5%.
Histórico da cloud computing no Brasil
Esse estudo mostrou que havia grande interesse por parte do Brasil em tecnologias relacionadas ao cloud computing. Por conta disso, estimava-se que até 2013, a porcentagem de empresas utilizando essa tecnologia variaria entre 30% e 35%.
As estimativas basearam-se em entrevistas realizadas com várias companhias brasileiras. Nelas, 98% dos participantes alegaram que investiam em cloud por acreditarem se tratar de uma tecnologia que não seria passageira. Mas vale lembrar que, nessa época, ainda havia muito receio no que dizia respeito à segurança do cloud computing.
Esse mesmo estudo da IDC estimou que o mercado mundial havia gasto cerca de 5 bilhões de dólares em tecnologia.
Por que somos o país que mais investe em cloud na América Latina?
Em 2018, uma pesquisa realizada pela Citrix na América Latina, apontou um cenário um pouco diferente. Embora o Brasil seja o país que mais investe em cloud na América Latina, sua implementação não anda alinhada às estratégias do negócio.
O levantamento “Como vamos na América Latina”, da empresa norte-americana, apontou que o Brasil continua sendo país que mais investe em cloud na América Latina. Dos 18% de empresas adeptas da tecnologia, atualmente o país conta com 57% de organizações usuárias de cloud. Contudo, os resultados do estudo mostrou algumas contradições.
Contradições nos investimentos
Apesar de 73% das organizações pretenderem investir em cloud, 43% alegaram não utilizar essa tecnologia. Essa contradição foi justificada das seguintes formas:
- 38% já têm infraestrutura suficiente;
- 19% não percebem valor na tecnologia;
- 14% temem problemas de segurança;
- 14% não têm orçamento para investir;
- 12% não sabem como investir em cloud.
Outro ponto de atenção é a completa ausência de estratégia na aplicação dessa tecnologia. Afinal, a maioria das adeptas utilizam a nuvem apenas para armazenamento de dados.
- 24% armazenam informações gerais;
- 18% armazenam e-mails;
- 11% armazenam dados sensíveis do negócio;
- 11% armazenam dados de fornecedores;
- 7% armazenam aplicativos não sensíveis;
- 12% armazenam todas as anteriores.
Para que serve a cloud computing?
A computação em nuvem serve para muito mais do que apenas armazenar informações. Ela possibilita que empresas, grandes ou pequenas, tomem ações mais rápidas, com flexibilidade e mitigação de custos em relação a equipamentos. Isso, sem falar no acesso à tecnologia de ponta. Em locais com maior maturidade digital, as empresas se voltam a ativos estratégicos, como aplicações críticas e legadas. Ou seja, embora o Brasil seja o país que mais investe em cloud na América Latina, o país ainda não se beneficia totalmente da elasticidade e alta disponibilidade da nuvem.
Ganhos em produtividade
É importante que as empresas brasileiras atentem para outros atrativos do cloud computing. Entre eles, destaca-se o ganho com produtividade de funcionários. Isso porque ao utilizar serviços em nuvem, a empresa pode implementar novas formas de trabalho. Ou seja, modelos flexíveis, como o home office, se tornam muito mais viáveis.
Com base nos dados coletados pela pesquisa da Citrix, 62% das empresas nacionais que adotaram modelos de trabalho flexíveis o fizeram a pedido dos funcionários. Os principais motivadores para estes foram:
- 13% melhorar a gestão do tempo;
- 8% aumentar a produtividade;
- 6% mais conforto;
- 6% mais qualidade de vida.
Modelos flexíveis de trabalho
O uso de modelos flexíveis de trabalho mostrou resultados positivos, de acordo com gestores de tI de todo o Brasil. Segundo 88 deles, poder acessar informações e sistemas de qualquer lugar e de qualquer dispositivo aumenta a produtividade da equipe. Além disso, 65% das companhias alegaram redesenhar o ambiente a fim de se adaptar esses novos modelos de trabalho. Tudo isso para promover uma maior produtividade e melhorar a gestão do tempo dos colaboradores.
Em contrapartida, 73% das empresas acreditam que a produtividade é maior quando o trabalho é executado no escritório. No entanto, essa afirmação tem relação direta com a falta de confiança de 80% dos diretores dessas empresas.
Conforme a tecnologia avança, é possível contar com soluções capazes de mudar o modelo de trabalho tradicional para melhor. Mas, para isso, é essencial que os CEOs compreendam que seu foco deve estar na entrega de resultados e não no tempo em que os colaboradores passam dentro da empresa.
O papel da segurança
O vazamento de dados é um risco para a maioria das empresas. E, conforme o estudo revelou, é comum que empresas não contem com medidas preventivas. Portanto, adotar medidas de segurança da informação é essencial à qualquer tipo de negócio. Isso, além de contar com o apoio de uma consultoria jurídica para identificar falhas na operação e reduzir riscos.
Ainda assim, um fator determinante no uso de cloud computing que preocupa 58% das participantes do estudo é a segurança. Estas declararam ter a intenção de investir ainda mais em proteção de dados antes da virada do ano. Contudo, 49% dos gestores confessaram permitir que colaboradores salvem dados da empresa em pen-drives. E 52% permitem o encaminhamento de documentos para e-mails pessoais.
Esse tipo de comportamento caracteriza uma brecha considerável na segurança das empresas. Prova disso é que 35% das vulnerabilidades são decorrentes do vazamento de dados, enquanto 32% são resultados de ataques externos.
Tipos de cloud computing
Existem vários tipos de cloud computing no universo corporativo. E cada um deles tem suas peculiaridades e indicações de acordo com o perfil da empresa.
Confira os principais tipos abaixo:
SaaS (Software como serviço)
Este é o modelo mais complexo de nuvem. Afinal, trata de aplicações prontas e funcionais rodando em browsers. Assistências e suporte técnico e sites com funcionalidades via navegador são bons exemplos.
IaaS (Infraestrutura como serviço)
Consiste na base de acesso, administração remota e monitoramento de data centers. Nesse modelo, é tarefa do usuário gerenciar todos os processos, softwares e sistemas operacionais.
PaaS (Plataforma como serviço)
Trata-se de uma plataforma para aplicações e desenvolvimento que conta com componentes de cloud computing. Ou seja, consiste em um framework para desenvolvedores.
Existem ainda três tipos de implantações para o cloud computing:
Nuvem privada
Esta é utilizada no armazenamento, gerenciamento e processamento de dados. O conteúdo fica guardado em servidores internos. Portanto, inclui processos de acesso exclusivos da empresa.
Ela é indicada para grandes e médias empresas com altíssima demanda de processamento. Afinal, nesses casos é comum que um provedor não consiga suprir as necessidades do negócio. Contudo, o gasto com infraestrutura física e mão de obra são bastante altos.
Nuvem pública
Esta é a melhor opção para PMEs. Afinal, com ela, as empresas não necessitam fazer investimentos massivos em infraestrutura de armazenamento, processamento e mão de obra. Isso porque cabe ao provedor se preocupar com isso.
Nuvem híbrida
Esta une os dois tipos de nuvem acima. Ou seja, a empresa pode contar com a infraestrutura necessária para os processos internos e utilizar serviços de nuvem pública como um acréscimo.
Maturidade digital
Embora o cloud computing seja capaz de trazer mais benefícios do que desvantagens às empresas, atingir a maturidade digital é fundamental para que essa tecnologia surta o efeito desejado. E nesse âmbito, inclui-se mudanças de paradigmas de empresários a respeito do formato de trabalho.
Segundo o estudo da Citrix, 74% das empresas latino americanas pretendem integrar múltiplos serviços e soluções à nuvem nos próximos três anos. Ou seja, para continuar sendo o país que mais investe em cloud na América Latina, o Brasil precisa amadurecer digitalmente. Afinal, dessa forma o país se manterá tecnologicamente à frente da concorrência de países vizinhos.